Vou comer a banana, depois eu vejo o que faço com ela

liberdade
Faço uma dieta com nutricionista e, para provar como uma dieta pode ser generosa, todos os dias, antes de malhar, TENHO que comer banana, granola e mel (tudo junto). Vocês podem imaginar, e salivar, o que isso significa? É doce elevado ao cubo, o da banana, o da granola e o do mel. De quebra ainda tem a crocância da granola que dá aquela sensação deliciosa nos alimentos. Adoro um “croc”. Para mim, o trio acima é melhor do que brownie, às vezes!
Porém, hoje é sábado e não vou pra academia e, segundo o meu manual impresso em sete folhas do que comer, eu deveria ingerir torradas com queijo branco e suco de frutas, só que eu já acordo desejando o trio parada dura e foi daí que me veio a frase inspiradora deste humilde texto que vos escrevo: Eu vou comer a banana e depois eu vejo o que vou fazer com ela (já estou até comendo enquanto escrevo, tá uma delícia!).
Como não sou uma blogueira fitness, eu malho e muito, mas só para mim mesma, vou mudar de assunto, pois todo este preâmbulo sobre comida foi uma metáfora.
Nos dias atuais, com o tempo escasso que temos, tudo o que fazemos precisa de uma razão, uma justificativa convincente. Eu malho para ficar gostosa; como brócolis para ser saudável; se for ler, que seja algo instrutivo, um jornal, um livro “cool”… revista QUEM nem pensar, nem mesmo no salão de beleza. Se vou à praia, é para desopilar, sabe como é, né?, muito estresse, PRECISO. Vai viajar em pleno mês de abril? É que meu marido está exausto e eu também, é muita trabalheira com a criançada. Resolveu fazer “jazz” numa altura dessa da vida? É porque preciso perder peso. E essa bolsa da PRADA? É que todo mundo tem uma no trabalho e eu não posso parecer pobre. Vai atacar a sobremesa hoje, né? Ai! Eu mereço, estou tão chateada com essa notícia e só um doce me acalma. Hobby, isso é coisa de aposentado, vá escolher algo que possa lhe dar dinheiro.
E assim vamos justificando todos os nossos atos, como se fazer algo simplesmente porque se está a fim fosse proibido, uma perda de tempo. Em um mundo capitalista, “time is money” e você não pode perder este tempo fazendo algo que não dê em nada.
Adoro ir à praia no meio da semana quando tenho uma brecha na agenda, mas morro de medo de ser descoberta. Saio de casa e parece que uma criatura com os olhos dos meus sócios está atrás de mim, dizendo: “olha lá a Luciana, malandra, em vez de trabalhar tá é na praia”. Eu sei que ninguém tem nada a ver com o meu tempo livre, até onde eu sei, desde que o trabalho esteja indo bem, eu faço o que eu quiser com ele, porém fico numa culpa enorme por não estar produzindo 24 horas por dia.
Hoje, somente hoje, eu me dei conta de que passo o tempo inteiro explicando para mim mesma as razões pelas quais eu faço algo e que isso é doentio. Que precisamos, sim, de planejamento, mas nem tudo precisa ser calculado e endereçado. Posso fazer primeiro, curtir o momento, fazer sem pretensão de justificar meu prazer e minha felicidade, depois eu vejo quais as novidades advindas do que eu fiz (troquei recentemente a palavra consequência por novidade, pois me parece mais otimista).
Comer por comer, rir por rir, chorar por chorar, comprar por comprar, ser por ser… Depois eu vejo o que será.
P.S: Esse texto foi escrito no sábado, mas só hoje estou publicando. E de lá pra cá já comi umas quatro bananas com mel e granola. Diliça!

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2 respostas

  1. “Adoro ir à praia no meio da semana quando tenho uma brecha na agenda”
    Continue indo, você adora praia e sabe aproveitar muito bem essa brecha! Ninguém tem nada a ver com o SEU tempo livre!!
    Bju

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